Quero abraçar o mundo
Mas meus braços não o comportam
Trilhar os caminhos mais curtos
Tomado pela avidez de em pouco tempo
Ter de tudo um pouco e mais o tudo
Nem sempre são caminhos seguros
Mas meus pés não se importam
Seguem sorrateiros seus ignotos rumos
Tomados pela cálida labareda do desejo
De em tudo viver tudo, ter para mim todo o tempo
Despistado pelo meu olhar já turvo
Sigo por atalhos que me desorientam
Becos de pedra estreitos e escuros
Que canalizam um vento frio como gelo
Muralhas de pedras manchadas são o meu cabresto
Quero me encontrar nesse cinza escuro
E nas trevas gélidas acalentar meu eu
Com fogueira de palha úmida, que seja
Mas manter meu espírito fervendo
Do contrário, não terei nem alento nem tempo
Não terei a mim mesmo
Para seguir trilhando o erro dos meus passos
E abraçando o insuportável fardo
De viver num mundo sem cabimento
segunda-feira, 18 de maio de 2009
sábado, 9 de maio de 2009
Voltar aos 17, por Rodrigo Colla e Tati Lopes
Como o musguinho na pedra,
brotamos do enredo do que éramos.
Desenredando-nos, enredamo-nos ainda mais.
Enredados no mar insensível da correria cotidiana,
o nosso pensar tornou-se um frenesi que desencadeia
o esquecimento, a desessência.
Como se o dia-a-dia corrompesse um âmago antigo.
Somos de fato frágeis como um segundo.
No entanto, somos fortes como as oito horas diárias
que dedicamos burocraticamente ao que não somos.
O que somos?
Somos a pedra na qual brotam os musgos, somos lisos e a nada nos apegamos, somos o frio, somos empedernidos, somos muito pouco do que fomos.
(A nada nos apegamos?)
E não podemos ser o que fomos - água, mas somos água em essência.
Somos, essencialmente, líquidos. E, embora não sejamos tudo o que, aos 17 vislumbrávamos ser, Somos. E depois de tanto lutar para não ter 17, para não ser 17. O que mais se quer é voltar aos 17. É pensar que o 18 está logo ali. Encheremos a cara e os outros que se fodam.
Seremos, ano que vem, maiores. E a lei estará conosco. E todo esse vinho será legal. A embriaguez será corroborada pela medíocre lei. Como sempre (e como é bom pontuar), seremos os velhos bêbados que fomos antes dos 17, mas agora bêbados e boêmios
(não desdivagaremos, não recorreremos aos amansas burros)
[não lembramos da porra do adjetivo, foda-se ele, afinal. Fugiu de nós como a essência talvez tenha fugido um pouco. Não deve ser por acaso, afinal, tanta fuga assim.]
Ah, “legitimados”. Sim, lembramos.
Bêbados e boêmios legitimados. E legalizados, é claro.
Não obstante, hipocritamente, nos dizem que não. Não, não podemos beber com nossos 17-27 anos, é ilegal. Temos, agora, 17? 27? Não temos porra nenhuma, afinal nada nos pertence.
{TATI (Ou a essa hora e depois de 2 garrafas de vinho pensaria ela ser Mercedes?!) – “Porra” de novo não.
RODRIGO (Ou igualmente ele pensaria ser Milton?!) - Porque não? Tem “porra” só lá em cima.
TATI - Mas eu não gosto de repetir palavras.
RODRIGO - Ah, mas “porra” é uma boa palavra.
TATI - Tá, então. Mas continuo achando que tem “porra (na dúvida, uma aspa apenas) demais.
RODRIGO - Mas o que posso fazer, se a porra (esta sem aspas mesmo) é abundante, azar.
TATI - É!? Ou até melhor, né. Já que acabou o vinho.
TATI - Bah, acabou o vinho, e agora!?
RODRIGO - Bah, pois é.
TATI - Ah, eu sei onde pegar mais vinho.
[(contagem de dinheiro)
RODRIGO = R$0,00 (corrigindo, R$0,05). Risos...
TATI = 22,00 pila]
RODRIGO - Tá, mas antes temos que acabar este texto.
TATI - Mas este texto nunca vai acabar porque a divagação nunca acaba. Ainda mais em mentes como as nossas.
RODRIGO - Mentes vazias?
TATI - Superlotadas. Tá, tu tem vinho aí, compartilha.
RODRIGO - Bah, diferente do texto. O vinho acabou. Culpa tua, não devia ter compartilhado. Me fudi.
TATI - Tá, chega de texto. Até mais texto, vamos em busca do vinho.}
brotamos do enredo do que éramos.
Desenredando-nos, enredamo-nos ainda mais.
Enredados no mar insensível da correria cotidiana,
o nosso pensar tornou-se um frenesi que desencadeia
o esquecimento, a desessência.
Como se o dia-a-dia corrompesse um âmago antigo.
Somos de fato frágeis como um segundo.
No entanto, somos fortes como as oito horas diárias
que dedicamos burocraticamente ao que não somos.
O que somos?
Somos a pedra na qual brotam os musgos, somos lisos e a nada nos apegamos, somos o frio, somos empedernidos, somos muito pouco do que fomos.
(A nada nos apegamos?)
E não podemos ser o que fomos - água, mas somos água em essência.
Somos, essencialmente, líquidos. E, embora não sejamos tudo o que, aos 17 vislumbrávamos ser, Somos. E depois de tanto lutar para não ter 17, para não ser 17. O que mais se quer é voltar aos 17. É pensar que o 18 está logo ali. Encheremos a cara e os outros que se fodam.
Seremos, ano que vem, maiores. E a lei estará conosco. E todo esse vinho será legal. A embriaguez será corroborada pela medíocre lei. Como sempre (e como é bom pontuar), seremos os velhos bêbados que fomos antes dos 17, mas agora bêbados e boêmios
(não desdivagaremos, não recorreremos aos amansas burros)
[não lembramos da porra do adjetivo, foda-se ele, afinal. Fugiu de nós como a essência talvez tenha fugido um pouco. Não deve ser por acaso, afinal, tanta fuga assim.]
Ah, “legitimados”. Sim, lembramos.
Bêbados e boêmios legitimados. E legalizados, é claro.
Não obstante, hipocritamente, nos dizem que não. Não, não podemos beber com nossos 17-27 anos, é ilegal. Temos, agora, 17? 27? Não temos porra nenhuma, afinal nada nos pertence.
{TATI (Ou a essa hora e depois de 2 garrafas de vinho pensaria ela ser Mercedes?!) – “Porra” de novo não.
RODRIGO (Ou igualmente ele pensaria ser Milton?!) - Porque não? Tem “porra” só lá em cima.
TATI - Mas eu não gosto de repetir palavras.
RODRIGO - Ah, mas “porra” é uma boa palavra.
TATI - Tá, então. Mas continuo achando que tem “porra (na dúvida, uma aspa apenas) demais.
RODRIGO - Mas o que posso fazer, se a porra (esta sem aspas mesmo) é abundante, azar.
TATI - É!? Ou até melhor, né. Já que acabou o vinho.
TATI - Bah, acabou o vinho, e agora!?
RODRIGO - Bah, pois é.
TATI - Ah, eu sei onde pegar mais vinho.
[(contagem de dinheiro)
RODRIGO = R$0,00 (corrigindo, R$0,05). Risos...
TATI = 22,00 pila]
RODRIGO - Tá, mas antes temos que acabar este texto.
TATI - Mas este texto nunca vai acabar porque a divagação nunca acaba. Ainda mais em mentes como as nossas.
RODRIGO - Mentes vazias?
TATI - Superlotadas. Tá, tu tem vinho aí, compartilha.
RODRIGO - Bah, diferente do texto. O vinho acabou. Culpa tua, não devia ter compartilhado. Me fudi.
TATI - Tá, chega de texto. Até mais texto, vamos em busca do vinho.}
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