Como o musguinho na pedra,
brotamos do enredo do que éramos.
Desenredando-nos, enredamo-nos ainda mais.
Enredados no mar insensível da correria cotidiana,
o nosso pensar tornou-se um frenesi que desencadeia
o esquecimento, a desessência.
Como se o dia-a-dia corrompesse um âmago antigo.
Somos de fato frágeis como um segundo.
No entanto, somos fortes como as oito horas diárias
que dedicamos burocraticamente ao que não somos.
O que somos?
Somos a pedra na qual brotam os musgos, somos lisos e a nada nos apegamos, somos o frio, somos empedernidos, somos muito pouco do que fomos.
(A nada nos apegamos?)
E não podemos ser o que fomos - água, mas somos água em essência.
Somos, essencialmente, líquidos. E, embora não sejamos tudo o que, aos 17 vislumbrávamos ser, Somos. E depois de tanto lutar para não ter 17, para não ser 17. O que mais se quer é voltar aos 17. É pensar que o 18 está logo ali. Encheremos a cara e os outros que se fodam.
Seremos, ano que vem, maiores. E a lei estará conosco. E todo esse vinho será legal. A embriaguez será corroborada pela medíocre lei. Como sempre (e como é bom pontuar), seremos os velhos bêbados que fomos antes dos 17, mas agora bêbados e boêmios
(não desdivagaremos, não recorreremos aos amansas burros)
[não lembramos da porra do adjetivo, foda-se ele, afinal. Fugiu de nós como a essência talvez tenha fugido um pouco. Não deve ser por acaso, afinal, tanta fuga assim.]
Ah, “legitimados”. Sim, lembramos.
Bêbados e boêmios legitimados. E legalizados, é claro.
Não obstante, hipocritamente, nos dizem que não. Não, não podemos beber com nossos 17-27 anos, é ilegal. Temos, agora, 17? 27? Não temos porra nenhuma, afinal nada nos pertence.
{TATI (Ou a essa hora e depois de 2 garrafas de vinho pensaria ela ser Mercedes?!) – “Porra” de novo não.
RODRIGO (Ou igualmente ele pensaria ser Milton?!) - Porque não? Tem “porra” só lá em cima.
TATI - Mas eu não gosto de repetir palavras.
RODRIGO - Ah, mas “porra” é uma boa palavra.
TATI - Tá, então. Mas continuo achando que tem “porra (na dúvida, uma aspa apenas) demais.
RODRIGO - Mas o que posso fazer, se a porra (esta sem aspas mesmo) é abundante, azar.
TATI - É!? Ou até melhor, né. Já que acabou o vinho.
TATI - Bah, acabou o vinho, e agora!?
RODRIGO - Bah, pois é.
TATI - Ah, eu sei onde pegar mais vinho.
[(contagem de dinheiro)
RODRIGO = R$0,00 (corrigindo, R$0,05). Risos...
TATI = 22,00 pila]
RODRIGO - Tá, mas antes temos que acabar este texto.
TATI - Mas este texto nunca vai acabar porque a divagação nunca acaba. Ainda mais em mentes como as nossas.
RODRIGO - Mentes vazias?
TATI - Superlotadas. Tá, tu tem vinho aí, compartilha.
RODRIGO - Bah, diferente do texto. O vinho acabou. Culpa tua, não devia ter compartilhado. Me fudi.
TATI - Tá, chega de texto. Até mais texto, vamos em busca do vinho.}
sábado, 9 de maio de 2009
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Um comentário:
Porra, vê se da próxima vez me convidam pra esse vinho. Figurinhaaaas
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