Ligar? Não, não ligo.
Desdigo
Pressinto o nada premente no caminho
Incito a mente ao vazio
E nada
Incipiente desejo insípido
De desdenhar o tino
Preconizar vazios
Enlevar desvarios
Em detrimento do raciocínio
E o ser verbal invisível
Irascível sentir semi-sensível
Uma verdade nua indizível
E para mim, assim, assaz falível
Para dizer: sim, sou.
Rezando prostrado a um Deusser mor
Do verbo palavreando minha dor
Radiando felpas de celeste estupor
Verbalizando meu sufoco, o ar me escarnece
Quase paralisando o tosco rebimbar do peito agreste
Segue.
Segue assim, ar zombeteiro
Fazendo graça de mim, contrafeito
Da dor, do suor, do tempo perdido
Tempo, ó transtorno, transtempo
Torno-me torto em contratempos
Falta-me tino no tocar
Falta-me ar
Ou qualquer alento
Que faça com que eu siga
Claudicante no tempo
Insistindo com essa coisa que chamamos
Vida
terça-feira, 23 de junho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
Um Átomo, por Rodrigo Colla
Não havemos de
esperar a derradeira hora
quando um abraço pode valer a vida toda
quando uma lágrima pode conter todo significado
de tudo que em vida foram miríades de significados esparsos
fincados em lapsos de um tempo inexistente
quando um sussurro pode ser o fim
e um estertor contiver a eternidade
condensada num só átomo pulsante e vivo
que não é tempo, não é vida, não é passado
Não havemos de
Deixar tudo para o final
Se desde já podemos ser salvos
Ou nos salvar aos poucos nessa linha imaginária
Que em nosso imaginário não é linha
é um infinito átomo
(Muito já chorei na infância em noites frias
Coberto de sonhos e cobertas
Envolto por esse globo atômico
Sabia que um dia eu teria um fim
Mas muito já sorri mais tarde
por essa propriedade do tempo de dar fim a tudo)
Findamos um pouco mais a cada atomozinho
A cada interstício que passa imperceptível
Podemos pensar no fim
Ou na significação
Significamo-nos também a cada infinitozinho a mais
Que nos passa, nos toca, nos faz sentir
E ver
Que há uma só vida em tudo
Há um único tempo
O presente
E um único espaço
Nós
Num intervalo irrestrito
Um átomo único
no espaço-tempo dinâmico
do infinito
esperar a derradeira hora
quando um abraço pode valer a vida toda
quando uma lágrima pode conter todo significado
de tudo que em vida foram miríades de significados esparsos
fincados em lapsos de um tempo inexistente
quando um sussurro pode ser o fim
e um estertor contiver a eternidade
condensada num só átomo pulsante e vivo
que não é tempo, não é vida, não é passado
Não havemos de
Deixar tudo para o final
Se desde já podemos ser salvos
Ou nos salvar aos poucos nessa linha imaginária
Que em nosso imaginário não é linha
é um infinito átomo
(Muito já chorei na infância em noites frias
Coberto de sonhos e cobertas
Envolto por esse globo atômico
Sabia que um dia eu teria um fim
Mas muito já sorri mais tarde
por essa propriedade do tempo de dar fim a tudo)
Findamos um pouco mais a cada atomozinho
A cada interstício que passa imperceptível
Podemos pensar no fim
Ou na significação
Significamo-nos também a cada infinitozinho a mais
Que nos passa, nos toca, nos faz sentir
E ver
Que há uma só vida em tudo
Há um único tempo
O presente
E um único espaço
Nós
Num intervalo irrestrito
Um átomo único
no espaço-tempo dinâmico
do infinito
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