terça-feira, 23 de junho de 2009

Transtempo, por Rodrigo Colla

Ligar? Não, não ligo.
Desdigo
Pressinto o nada premente no caminho
Incito a mente ao vazio
E nada

Incipiente desejo insípido
De desdenhar o tino
Preconizar vazios
Enlevar desvarios
Em detrimento do raciocínio

E o ser verbal invisível
Irascível sentir semi-sensível
Uma verdade nua indizível
E para mim, assim, assaz falível

Para dizer: sim, sou.
Rezando prostrado a um Deusser mor
Do verbo palavreando minha dor
Radiando felpas de celeste estupor

Verbalizando meu sufoco, o ar me escarnece
Quase paralisando o tosco rebimbar do peito agreste

Segue.
Segue assim, ar zombeteiro
Fazendo graça de mim, contrafeito
Da dor, do suor, do tempo perdido

Tempo, ó transtorno, transtempo
Torno-me torto em contratempos
Falta-me tino no tocar
Falta-me ar
Ou qualquer alento
Que faça com que eu siga
Claudicante no tempo
Insistindo com essa coisa que chamamos
Vida

4 comentários:

Lina. disse...

"Claudicante"

interessante.


mesmo lendo superficialmente, gostei do que li!
outra hora leio com devida atenção.

ate mais

Ocappuccino.com disse...

tchê, traduz que quero entender.

abraços velho,
mateus d'Ocappuccino

Jou disse...

...compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Camila Schindler disse...

Eu estava fazendo uma pesquisa sobre salvador dalí e fui parar no seu blog, achei muito interessante seus poemas, sério, eu gostei muito, muito mesmo, principalmente este.
É, realmente, você estar certo, realmente temos interesses em comum, gosto muito dessa poesia com uma linha "existencialista". Parabéns moço!:))